Do banco da cozinha da avó para o fogão, os seus olhos fintavam atentamente todos os seus passos: do corte da cebola à preparação do peixe. A panela a fumegar e, no fim, calulú de peixe fumado no prato.
Era São Tomé e Príncipe. Anos 80. Eulitério Assunção cresceu com sabores fortes na boca e no prato mas os temas inerentes ao meio ambiente fizeram com que seguisse essa área até chegar a Portugal, onde uma experiência in loco num restaurante em Coimbra levou-o à sua verdadeira vocação, a cozinha.
Eulitério tratou de fazer formação e depois de várias experiências em restaurantes nas zonas Centro e Sul, fixou-se em São Martinho do Porto, no Oeste, onde atualmente é chefe de cozinha do restaurante Granada.
O mar, ali bem perto, é a sua principal inspiração, sem esquecer os produtos locais e obrigatoriamente frescos. A juntar a isso, amor e dedicação — os mesmos sentimentos que a sua avó dedicava aos cozinhados que preparava. A pátria leva no coração e faz-se notar em pequenos apontamentos da cozinha que pratica mas este cozinheiro são-tomense é um apaixonado por Portugal e pela sua gastronomia, principalmente aquela do Oeste, onde já fez morada.
Encanta-lhe as pessoas e os seus jeitos. Encanta-lhe os produtos endógenos e os pratos da terra, dos quais destaca o porco malhado de Alcobaça e o frango na púcara.
A sua declaração de amor à região foi marcada pela realização de um evento anual, Oeste à Mesa, em que num jantar único, apenas com produtos da região, Eulitério prova que não é preciso ser filho da terra para o ser.