No cartão de cidadão está registado que é de Lisboa, mas quem o conhece sabe que na alma transporta as raízes da família de Trás-os-Montes e de todos os sítios por onde passou.
Numa cozinha da aldeia de Arrabães, na nortenha Vila Real, lá estava o jovem Ricardo Leite, a decorar os aromas e a salivar pelos cozinhados da avó e da mãe. Ainda hoje são memórias que o inspiram para a felicidade: a lenha a queimar, o fumo, o feijão, o cabrito, o arroz de grelos da mãe.
Para ele, cozinhar é uma forma de arte e este caminho surgiu naturalmente. É formado pelo Le Cordon Bleu, em Londres, e por lá ainda esteve no Viajante. De regresso, passou pelo Feitoria e pelo Bica do Sapato. A seguir foi trabalhar com o chefe Alexandre Silva para o Mercado da Ribeira e, depois, foi subchefe no Loco, onde depois ficou a chefiar. Entretanto, em 2019, começou como consultor do Alma Nómada, no litoral alentejano, mas hoje é o chefe executivo deste restaurante.
O espaço fica no Vila Costa do Vizir, um parque de campismo em Porto Covo, em Sines. O chefe considera que é uma das regiões mais bonitas de Portugal, “com terra e mar, tranquila e com um produto incrível”. O peixe é o principal destaque, sendo que o pregado da lota de Sines é o seu predileto. A terra é fértil e dá “coisas incríveis”, os variados legumes têm toques de salinidade devido à influência marítima. Mas há de tudo, carne, peixe, vegetais, algas, marisco e frutas.
Acredita numa cozinha honesta e no restaurante inspira-se na sazonalidade dos produtos. Um dos pratos que gosta de fazer no Alma Nómada é a Feijoada de Leitão fumado, diz que tem tudo aquilo que um prato precisa. Procura conjugações mais improváveis para elevar o resultado final, sem estar muito agarrado à gastronomia portuguesa, ao introduzir novas técnicas e sabores.