“Inclusive no nosso hotel Tivoli Carvoeiro, os hóspedes dos EUA já representam o segundo maior mercado, e os do Brasil o terceiro maior mercado, e isto não era comum no Algarve”, salienta o diretor de operações, adiantando que nos hotéis do grupo, Tivoli e Anantara, o peso de norte-americanos “é variável, de 25% a 30% em algumas unidades, 10% a 15% em outras, e este ano notamos um aumento”.
As ações de promoção do Turismo de Portugal nos Estados Unidos são enfatizadas pelos hoteleiros, e o presidente da AHP põe a tónica na “ótima perceção que os norte-americanos têm em relação a Portugal”.
Uma promoção considerada de peso foi a recente gravação em direto de Portugal - e em destinos diversos, como Algarve, Lisboa, Sintra e Porto - a 20 de junho, do “Good Morning America”, um dos programas televisivos com maior audiência nos Estados Unidos.
“Esta foi uma promoção brutal de Portugal nos Estados Unidos, e vai dar resultados rapidamente em termos de um crescimento deste mercado, que se espera também ser brutal”, antecipa Jorge Beldade.
Hotéis mudam para camas king size
O crescimento da procura de hóspedes que vêm dos Estados Unidos já está a levar os hotéis nacionais a ajustarem a sua oferta aos padrões deste mercado, em particular com a substituição de camas de tamanho habitual por king size.
“Os clientes americanos estão habituados a camas grandes, e em geral gostam de quartos grandes”, nota o diretor regional de operações do grupo com hotéis Tivoli e Anantara. “São requisitos que estamos a considerar, e até já a fazer essas alterações sempre que há projetos de remodelações ou de novas unidades”.
O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal destaca que os turistas dos Estados Unidos “gastam mais, têm um elevado poder aquisitivo, e têm uma enorme experiência em marcar diretamente com os hotéis, o que tem um impacto importante na receita da tarifa final para os hoteleiros, já que é um processo sem intermediários”.
“Os americanos gastam mais que um cliente normal, fazem consumos maiores nos restaurantes ou nos bares, vêm mesmo para aproveitar e conhecer o destino”, reitera Jorge Beldade.
“São turistas que têm no seu DNA abertura para pagar preços mais altos”, constata também Pedro Ribeiro, diretor de marketing e vendas do grupo Vila Galé, referindo que “os americanos são dos poucos que vão fazendo reservas quando há ajustes de aumento de preços”.
Nos hotéis Vila Galé, o peso de hóspedes dos Estados Unidos está a ser notório “desde o Algarve, onde era raro, a Lisboa, onde é bastante expressivo, e até no Norte, Centro e Alentejo, onde é cada vez mais forte”, constata o diretor de vendas do grupo. Dois hotéis do grupo que aqui se destacam são o Alentejo Vineyards e o Douro Vineyards, por estarem associados ao enoturismo.
Norte-americanos geram 43% das receitas nas Pousadas de Portugal
Nos hotéis do grupo Pestana em Portugal, os hóspedes norte-americanos já representam o quarto principal mercado, e com peso mais expressivo nas unidades localizadas no Porto ou na região de Lisboa (incluindo o Pestana Cidadela Cascais).
Um exemplo destacado é o das Pousadas de Portugal, onde as receitas geradas pelos turistas dos EUA atingiram em 2023 um peso de 43%, e até maio este mercado evidenciou um crescimento superior a 30% em roomnights (quartos vendidos). A procura dos americanos concentrou-se sobretudo na Pousada Lisboa, Pousada Alfama, Pousada Porto – Rua das Flores, Pousada Convento Évora e Pousada Sagres.
Um dos trunfos do grupo Pestana neste campo é ter presença nos Estados Unidos, atualmente com quatro hotéis: dois em Nova Iorque (Pestana Park Avenue, Pestana CR7 Times Square), um em Miami (Pestana Miami South Beach) e mais recentemente, uma unidade em Orlando (Pestana Orlando Suites Lake Buena Vista).
“Através desses hotéis, é possível atrair turistas americanos para Portugal e incentivar viajantes portugueses a explorar os Estados Unidos”, realça fonte oficial do grupo.
No caso do grupo Porto Bay, “os norte-americanos são o primeiro mercado nos nossos hotéis em Lisboa e no Porto, com um reforço em 2024 e em linha com a tendência geral que se verifica nestas cidades”, adianta o administrador (e presidente da AHP) Bernardo Trindade.
Bernardo Trindade destaca ainda a enorme margem de crescimento para Portugal deste mercado, uma vez que “apenas 20% dos norte-americanos têm passaporte, e os restantes 80% não deixam de representar um forte potencial”.
by Conceição Antunes - Jornalista | EXPRESSO