Carlos Leal, Chairman da United Hospitality Management (UHM), revelou, em entrevista ao TNews, que o grupo está a abrir novos destinos na Europa e no Médio Oriente. À margem da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market, o responsável manifestou um forte interesse pela Índia e Ásia-Pacífico, salientando que constituíram recentemente o UHM Índia.
“Estamos a abrir novos destinos na Europa, nomeadamente Nice e Paris, em França, e Londres. No Médio Oriente estamos a abrir noutros mercados, como a Arábia Saudita, Kuwait e Dubai, além de estarmos a estudar a possibilidade de entrar no Catar. Recentemente, constituímos o UHM Índia, por ser o país com maior população do mundo e ter 20% dos quartos de hotel que tem a China, e, por esta razão, a procura de quartos de hotel é brutal. Contudo, a oferta existente é de 3 e 4 estrelas. Há 50 milhões de milionários no país e vejo isso como uma grande oportunidade de crescimento, não só para as nossas marcas, como também para a nossa gestão”, revelou Carlos Leal quando questionado sobre possíveis planos de expansão.
A United Hospitality Management, marca portuguesa de gestão hoteleira do grupo United Investments Portugal (UIP), gere atualmente quatro hotéis em Portugal: Hyatt Regency Lisboa, Pine Cliffs Resort, Sheraton Cascais Resort e Yotel Porto.
Fora do país, conta com cinco unidades no Dubai: Th8 Palm Dubai Beach Resort, Vignette Collection; Wyndham Residences The Palm; Movenpick; VOCO Bonnington, Jumeirah Lakes Towers; e Bespoke Residences & Holiday Homes; e uma em Kuwait, o Arabella Beach Hotel, Vignette Collection by IHG.
No que toca aos planos de expansão em território nacional, Carlos Leal referiu que existem algumas oportunidades, mas que “está muito complicado” de as meter em prática. “O mercado é uma praia muito pequena, há muitos players, e a oferta está a aumentar cada vez mais. Em Portugal, temos um problema que, para mim, é gravíssimo: um aeroporto sobrelotado. Mesmo nos nossos melhores sonhos, a construção de um novo aeroporto vai demorar entre 12 e 15 anos e, com a queda do Governo, não sabemos se a localização é a mesma. Durante esse período, temos novos hotéis a abrir em Lisboa, assim como apartamentos turísticos e branded residences. Como é que os turistas chegam cá, se o aeroporto está no limite? Isto realmente preocupa-me porque a oferta aumenta e a procura mantém-se estável.”
Ainda sobre o aeroporto, o Chairman da UHM vê com bons olhos mudar todos os voos low cost e charters para o Aeroporto de Beja. “Isto permite-nos melhorar o sistema rodoviário e ferroviário da região e abrir novos slots em Lisboa para voos internacionais e de grande dimensão.”
Relativamente a outros destinos, Carlos Leal considera que a zona da Comporta tem potencial no futuro, mas, por agora, existem desafios que precisam de ser resolvidos, nomeadamente ao nível do alojamento, da alimentação e de infraestruturas.
“2024 correu bem, dentro do expectado”
Ainda na entrevista, Carlos Leal revelou que 2024 correu bem, dentro do expectado. “Algumas propriedades correram um bocadinho pior, outras correram melhor, mas a nível geral penso que foi dentro do expectado”, admitiu. No Médio Oriente, a UHM atingiu o orçamento, alcançando um “crescimento interessante” em 2024.
Segundo o responsável, algumas propriedades excederam o orçamento em 8%, enquanto outras ultrapassaram-no em 2%. No geral, houve uma melhoraria de 8% no orçamento face a 2023. De todas as unidades, o Pine Cliffs Resort foi a que teve melhor desempenho em 2024.
No ano passado, os mercados não sofreram quase nenhuma alteração, contudo, o norte-americano destacou-se, registando um forte crescimento. Os principais mercados continuam a ser o inglês e o português. “Há cinco anos, o mercado norte-americano representava cerca de 3-4% do Pine Cliffs Resort e, atualmente, representa 15% – isto em todo o país. Creio que este crescimento foi impulsionado, sobretudo, pelas linhas aéreas.”
Por sua vez, a taxa de ocupação mantém-se estável, tendo registado um maior crescimento no preço médio, que varia de acordo com a região e a altura do ano, do que propriamente na ocupação.
Já o ano de 2025 “começou bem”: “Na Europa, terminámos os primeiros dois meses do ano à frente do orçamento. No Médio Oriente estamos a ter um terceiro mês difícil, mas já era esperado por causa do Ramadão. Acreditamos que esta tendência vai inverter e que abril deste ano vai ser melhor do que no ano passado. Para o resto do ano, as nossas perspetivas são boas.”
Para terminar, Carlos Leal identificou a mão-de-obra como o “maior desafio da hotelaria” em Portugal. “É um trabalho árduo e, devido a isso, os jovens não estão interessados em trabalhar na hotelaria. No Pine Cliffs Resort precisamos de 300 empregadas de limpeza e, no ano passado, faltavam 90, isto porque os jovens não estão interessados em fazer camas ou servir à mesa. 80% das pessoas que trabalham neste hotel não são portuguesas”, disse o responsável, referindo que os maiores obstáculos na contratação de pessoas estrangeiras são o alojamento, o seguro e a alimentação.
byTNEWS