Hoje em dia o bem receber passou a ser uma arte que não é para todos, talvez porque assim não se queira, porque não se tem tempo para formar ou porque simplesmente o gosto em bem receber desapareceu.
Vê-se bem nos restaurantes, nos bares, nos hotéis um serviço básico, sem essência e sem gosto pelo que se está a fazer. Arrisco-me a dizer mesmo sem brio, o que me faz pensar qual o caminho que estamos a seguir.
É isto que queremos, ou devemos parar, refletir e mudar?
O mundo teve recentemente uma mudança abrupta para o mundo digital, onde interação presencial ficou para segundo plano, tomando o digital um papel preponderante.
Hoje presta-se um serviço básico aos clientes, que adquiriram o serviço A ou B, pelo valor X ou Y, e toda a personalização que existia infelizmente vai perdendo expressão. Só aqueles que continuam a apostar no tailor made e em fazer o chamado extra-mile é que se destacam de outros players e arrecadam os proveitos desta política diferenciada.
Também a escassez de recursos humanos que a indústria sofre neste momento, após uma enorme migração de profissionais para outras áreas de negócio, e a urgência de contratação, contribuiu para esta decadência de serviço, deixando aos que optam por trabalhar em hotelaria, pouco tempo para uma formação completa, sendo "largados" de imediato na operação, desconhecendo assim a chamada arte de bem receber que se traduz num serviço exemplar, que na maioria das vezes não tem custo, mas que trás um resultado muito positivo, não só para o cliente como também para a empresa.
Esta tendência só pode ser combatida com formação continua, que transmita valores base e que ao mesmo tempo cative e cultive nas novas gerações de profissionais este gosto de bem receber, para que assim sejam considerados profissionais, tendo as empresas um papel único e extremamente importante na sua reorganização de forma a prestar uma formação adequada e completa, que nutra o gosto por este sector através de técnicas e métodos, que visam transformar e elevar a experiência dos nossos hóspedes.
Acredito que vamos a tempo de reverter este desinteresse, apostando na formação para manter vivo o lado romântico da hotelaria no que se refere à arte de bem receber, que tanto nos caracterizou no mercado lá fora.
"Where there's a will, there's a way!"
George Herbert