Nos tempos que correm é transversal a dificuldade em atrair colaboradores para os diversos projectos hoteleiros que vão surgindo neste novo recomeço da hotelaria. As razões e as explicações são várias, desde layoff ainda ativos, salários baixos para a carga de trabalho, algum medo ainda de apostar nos novos talentos e nos talentos com mais experiência ou a fuga em massa desta geração mais qualificada de sempre para outras indústrias (seja de costumer service ou outras) ou mesmo para o estrangeiro.
Eu próprio quando acabei o meu curso em 2012, fui várias vezes avisado que “não ia dar para todos e que teríamos de ter mente aberta para aceitar que teríamos de emigrar” por professores e colegas de trabalho. E assim foi, primeiro para a Austrália, depois Hong Kong e voltei um pouco antes do início desta pandemia. Quando saí de Portugal em 2013, não era o exercício mais fácil, a procura de emprego. Agora em 2022, são vários os anúncios, são várias as iniciativas para recrutar, são várias as oportunidades mas não são todas preenchidas.
Estamos agora a pagar esta mentalidade algo antiga da hotelaria. Onde havia muita mão de obra, onde se podia fazer uma escolha muito maior e ,como dita o mercado da oferta e procura onde há muita oferta e uma procura reduzida, praticar salários mais baixos e contratos de trabalho precários. Embora tenha muita coisa mudado desde o início da pandemia, este foi um dos aspectos que não mudou e tem tido alguma resistência em mudar. Seja porque os empresários estão ainda com receio (conforme dito em cima), seja que a recuperação ainda não seja sentida em todos os negócios, o que interessa realçar é que cada ameaça gera uma oportunidade. Por isso é que as análises SWOT’s ainda são tão utilizadas nos dias de hoje.
Temos a oportunidade de criar melhores empregos, melhores condições e criar melhores oportunidades para o talento se desenvolver. Temos a oportunidade de transformar a indústria de algo que era instável, onde os contratos efetivos eram uma miragem , de algo onde era difícil construir uma carreira para algo estável e atrativo para os jovens talentos e para os talentos mais experientes ficarem na indústria.
Temos a oportunidade de fazer esta indústria mais segura. Contratos seguros e que dêem segurança aos colaboradores. Porque não “agarrar” o talento com contratos efetivos, talento que foi treinado à maneira do gestor, que têm bastante tempo e dinheiro investido neles(as)? Temos a oportunidade de acabar com os estagiários não remunerados, temos a oportunidade de dar lançar os jovens acabados de sair das escolas e universidades, que vêm com ideias novas, com uma outra perspectiva desta indústria. Temos a oportunidade de acabar com a ideia de que quem trabalha em hotelaria tem e deve trabalhar mais do que as 8 horas diárias para mostrar serviço e usar esse fato como medalha de honra.