Um dos grandes desafios da indústria hoteleira é captar e fidelizar talentos.
Antes da pandemia esta realidade já era um desafio. Durante a pandemia, muitos profissionais perderam o seu emprego o que os levou a direcionarem as suas carreiras para outros setores em que se mantêm ainda hoje. Esta ocorrência agravou a situação e atualmente o desafio dos recursos humanos é ainda maior para a indústria hoteleira, sendo mais gritante em períodos sazonais de época alta.
Face a este cenário é imperativo a indústria hoteleira promover condições que permitam captar novos talentos e fidelizar os atuais.
Para captar os melhores talentos, temos de trabalhar a nossa marca de forma eficaz no âmbito da atração, demonstrando externamente que a empresa reúne todas as condições e que estas vão ao encontro das expetativas dos potenciais colaboradores.
Neste âmbito, podemos implementar iniciativas para atrair novos talentos, como por exemplo: transmitir claramente os valores da empresa; mostrar a cultura organizacional (vídeos, eventos etc.); ter reconhecimento por empresas certificadas de que somos um dos melhores locais para trabalhar; partilhar testemunhos de colaboradores.
Ainda na captação de talentos, a fase de recrutamento e seleção assume um papel não menos importante. Assim, é importante aplicarmos iniciativas como: escutar ativamente as motivações, o propósito, os valores e expetativas do(a) candidato(a) de forma a verificar se existe um matching entre estes aspetos e os da empresa; manter o candidato informado em todas as fases da candidatura; clarificar o que é esperado para aquela posição específica.
Tendo o(a) colaborador(a) sido selecionado, passamos para a fase do onboarding em que devemos proporcionar uma experiência positiva ao candidato(a): preparar antecipadamente o seu posto de trabalho e colocar o merchandising nesse local; visita guiada às instalações; apresentar a equipa; almoçar com o colaborador(a); definir um colega para acompanhar diariamente o colaborador(a); realizar reuniões de follow-up, etc.
A motivação das equipas assume um papel extremamente relevante na fidelização dos colaboradores.
Devemos desenvolver mecanismos para analisar criteriosamente cada elemento da equipa. Temos de ter presente que cada colaborador(a) é único(a), por isso devemos reconhecer os seus talentos e valorizá-los, elogiando genuinamente. Afinal, quem não gosta de ser reconhecido?!
Após identificarmos os talentos da pessoa, devemos potenciá-los, alavancá-los, promovendo um plano de desenvolvimento pessoal e profissional personalizado.
Existe uma diversidade de medidas que não tem custos financeiros e que impulsionam a motivação da equipa: cumprimentar pelo nome e desejar um bom dia, interagir com as pessoas, mostrar que estamos junto delas; não dar apenas ordens; praticar gratidão diariamente junto das pessoas pelo seu empenho e dedicação; partilhar e agradecer pelos comentários positivos dos hóspedes e garantir que a informação chega a todas as pessoas; partilhar informações relevantes para que as pessoas sintam que são parte integrante da empresa; fortalecer laços de confiança nomeadamente através da promoção de autonomia; proporcionar um bom ambiente entre os colaboradores, percecionar onde existem conflitos internos e falar abertamente com as pessoas utilizando de ferramentas e estratégias simples e eficazes para eliminar esse ambiente pesado, que retira energia e foco; promover momentos de descontração e felicidade no local de trabalho; proporcionar formação em que as pessoas sentem que existe espaço para crescerem inclusive hierarquicamente; liberdade para conciliarem com projetos fora da empresa.
Quando existirem aspetos a melhorar, ao abordarmos o(a) colaborador(a) devemos eliminar o feedback que se reduz a uma visão sobre o passado e aplicarmos a técnica de feedforward em que olhamos para a ocorrência passada como uma aprendizagem e posicionamos o(a) colaborador(a) no futuro, estabelecendo em conjunto um plano de ação e monitorizando o mesmo.
Garantirmos que existe segurança psicológica na empresa é a alavanca para que a pessoa possa partilhar as suas ideias sem sentir que são castradas e possa questionar as suas dúvidas sem medo de retaliações, desenvolvendo-se assim uma base sólida para uma colaboração a longo prazo.
Temos de ter presente que um dos motivos com elevado peso pelo qual as pessoas abandonam as empresas são as chefias.
Nesta área, enquanto líderes devemos ser inspiradores, liderar pelo exemplo, preocuparmo-nos genuinamente com o bem-estar pessoal e profissional da equipa.
Somos agentes de felicidade e como tal temos o dever de garantir que os nossos colaboradores estão felizes e estender a felicidade aos restantes stakeholders, incluindo a família dos colaboradores. Atua junto das tuas pessoas, não deixes que elementos bons te abandonem, pois sabes o quão difícil é arranjar pessoas que vistam a camisola diariamente com paixão pelo seu trabalho.
Estas pessoas são a chave para proporcionarmos experiências memoráveis aos nossos hóspedes, que nos ajudam a alavancar a nossa marca e a visibilidade no mercado da hospitalidade, cujos resultados refletem-se no EBITDA. O que podes fazer? Motiva as pessoas, promove a segurança psicológica e a felicidade surge naturalmente nas equipas.