Não percam a Portugalidade

É por demais reconhecido o valor que o sector do turismo representa para a economia e para o crescimento do país. Portugal respira se o turismo estiver em alta.

Tim Vieira

É por demais reconhecido o valor que o sector do turismo representa para a economia e para o crescimento do país. Portugal respira se o turismo estiver em alta. Manter estes níveis ou tentar superá-los é sempre um desafio. Para o fazer, muitos caem no erro de espiar o vizinho do lado, copiar o modelo, numa lógica de que tudo já foi inventado e que basta adaptar. Isto é perigoso. 

Analisando estas tendências a longo prazo, percebe-se que as consequências podem ser nocivas e irreversíveis. 

Como investidor, não esqueço a história recente da pandemia e dos seus efeitos. Mais do que a paralisação e os inúmeros prejuízos acumulados, houve um antes e um depois. Nada poderia ficar igual e não ficou.

Os serviços e as experiências oferecidas já não satisfaziam e não satisfazem esta nova sociedade que vive e sente de forma diferente. O sector precisou e precisa de acompanhar esta transformação de comportamentos, de necessidade, de lazer, de formas de trabalhar, que nos “apanhou” a uma escala global. Há que ser criativo, há que saber oferecer experiências diferentes, há que saber adaptar às novas formas de trabalhar, de movimentar, oferecendo soluções e produtos que revolucionem.

Os vários intervenientes perceberam que era este o caminho. O que muitos não compreenderam ainda, e é neste pequeno grande pormenor que reside o desafio, é como ser inovador sem desvirtuar a autenticidade de uma região, de um país. 

Somos pequenos em área e gigantes na diversidade cultural. Abençoados pelo mar e pela montanha que se alcançam num abrir e fechar de olhos, já para não falar do tempo, quase sempre ameno.

O risco de se perder esta “alma” que nos carateriza e nos diferencia do resto do mundo é cada vez maior. A nossa simplicidade e simpatia ao receber, o genuíno pastel de nata, as nossas 1001 formas de confecionar o bacalhau, o caminhar na calçada.

É obvio que o hambúrguer tem de existir para quem o quiser, no entanto não nos podemos esquecer do bom bife com ovo-a-cavalo, servido por quem fala português para que os Portugueses não se sintam excluídos. Não nos podemos esquecer que em futuras crises seremos nós o garante da sobrevivência do setor e não nos podemos esquecer de valorizar as carreiras, como forma de atrair mais portugueses a trabalhar no turismo e assim garantir a nossa autenticidade.

A importância de manter a Portugalidade para não cair no erro de perdermos a nossa identidade e assim não corrermos o risco de ficarmos iguais a Abu Dhabi será o garante da sobrevivência do nosso país como destino turístico.

Encontrar o equilíbrio para não cair na vulgaridade, do ficar igual a muitos outros e manter o que nos distingue do resto do mundo, é um dos maiores desafios a enfrentar no futuro, que vai exigir um esforço e um compromisso de todos, a bem do sector.