O poder da educação empreendedora

Portugal é amplamente reconhecido pela sua forte reputação em hospitalidade e também pela sua faceta empreendedora, mas acredito que muito mais pode ser feito, do ponto de vista da educação e numa vertente empresarial, de negócio.

Rita Oliveira Pelica

Portugal é amplamente reconhecido pela sua forte reputação em hospitalidade e também pela sua faceta empreendedora, mas acredito que muito mais pode ser feito, do ponto de vista da educação e numa vertente empresarial, de negócio.

Poderia escrever que o empreendedorismo incentiva a inovação, que é essencial para manter a competitividade no setor da hotelaria e que novas ideias e tecnologias podem ser utilizadas para melhorar a eficiência operacional, a experiência do cliente e a gestão de recursos. Mas não é isso que vou fazer.

Prefiro fazer um elogio às Escolas de Turismo deste país e aos profissionais que se preocupam em capacitar os seus alunos em empreendedorismo. Desde 2018 que tenho o privilégio de ensinar empreendedorismo e intraempreendedorismo nos cursos de gestão de restauração e bebidas, gestão de produção e cozinha e de turismo cultural e património (para citar apenas alguns) e observo os resultados incríveis que os alunos têm atingido, através do desenvolvimento de projetos práticos. Pois nem só de teoria vivem os alunos, principalmente os desta área que gostam de “meter as mãos na massa”.

Espírito empreendedor, precisa-se! E creio que há pontos fundamentais que têm se ser reforçados e valorizados, num ecossistema (escola – empresas – sociedade) que se quer em perpétua inovação. O setor da restauração, da hotelaria e do turismo precisa de dar espaço e oportunidade aos jovens para estes empreenderem mais, mesmo que por “conta de outrem”, os chamados intraempreendedores. Se não, do que adianta estudarem e aprenderem como se faz, na Escola? E na “vida real”, quando os cursos acabam e é preciso ir estagiar e trabalhar? Tem de ser uma prioridade promover e incentivar uma mentalidade inovadora e proativa entre os futuros profissionais do setor.

Queremos pessoas que “apenas” sirvam ou que sejam capazes de entender e de fazer sugestões adequadas e até surpreendentes aos clientes? Queremos seres meramente executantes ou “cabeças que pensam” e acrescentam valor?

O ecossistema tem de funcionar e fluir, com escolas e organizações (hotéis, cafés, restaurantes, …) alinhadas no desenvolvimento de competências empreendedoras; levando os conceitos de inovação, modelos de negócios, marketing e finanças à prática. Trabalhando em projetos práticos e estágios que permitam aplicar o conhecimento teórico em situações reais. Através também da criação de ecossistemas de inovação – que podem funcionar como incubadoras de ideias, proporcionando um ambiente onde se pode experimentar e desenvolver novos conceitos de hospitalidade. Parcerias com empresas do setor e programas de mentoria com profissionais experientes ajudam a criar este ambiente empreendedor. Se o ensino do empreendedorismo também promove o desenvolvimento de competências transversais como o pensamento crítico, a resolução de problemas, a liderança e a comunicação, por que não “utilizá-las”? Estes profissionais tornam-se mais adaptáveis e preparados para enfrentar os desafios dinâmicos do mercado de trabalho.Por último, porque não apostar na integração com as comunidades locais? Reforçando os laços entre o setor educativo e a economia regional. Projetos colaborativos podem incluir a experimentação e o desenvolvimento de iniciativas de turismo sustentável, promoção de produtos locais e a criação de experiências culturais autênticas. Esta integração beneficia não só os alunos, mas também as comunidades, promovendo o desenvolvimento regional e a coesão social.

Em suma, o empreendedorismo é um motor fundamental para o desenvolvimento e a competitividade do setor da hotelaria e do turismo em Portugal. É cliché e todos sabemos isso. Mas quantos de nós é que têm esta prática? Sejamos parte ativa neste processo. Do meu lado, acredito que a educação é uma peça fundamental para esta ignição empreendedora.

Rita Oliveira Pelica
Chief Energy Officer & Founder

ONYOU - Empowering & Learning Experiences