O Turismo e a Hotelaria são uma força motora do desenvolvimento das comunidades envolventes, potenciando a criação de empregos, o surgimento de empresas e o aumento das vendas de produtos locais. Contudo, esta simbiose não é meramente economicista; exige também uma responsabilidade social e ambiental. A preocupação do sector do turismo em contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais não é recente.
Atualmente, o paradigma mudou com o surgimento de regulamentos comunitários como a CSRD, a Taxonomia Ambiental e a CS3D. Estes regulamentos aumentam as exigências de cumprimento de requisitos de práticas de sustentabilidade e do respetivo report, o que pode ser visto como algo asfixiante para algumas organizações. No último mês surgiu uma proposta de simplificação destes três regulamentos, conhecida como Omnibus. Ainda assim, não se antevê retrocesso nas obrigações em sustentabilidade.
A Sustentabilidade não deve ser encarada pelo sector do Turismo e da Hotelaria como um fardo, uma obrigação ou um custo. Pelo contrário, a Sustentabilidade é uma oportunidade para o Turismo.
O grau de cumprimento das práticas sustentáveis pelas empresas resulta em impactos positivos em várias dimensões:
- Na redução de custos, através dos benefícios da transição energética – por exemplo, a utilização de fontes renováveis e a gestão eficiente dos edifícios.
- Na maior resiliência às alterações climáticas, com a redução das emissões de gases de efeito de estufa, a preservação de espécies vegetais e a implementação de práticas de gestão eficiente da água.
- Nas relações comerciais com os fornecedores e na cadeia de valor, promovendo o envolvimento de pequenos fornecedores locais e fortalecendo a economia circular.
- Na organização interna, através do fortalecimento das equipas – promovendo a consciencialização, a responsabilização e a eficiência operacional.
- Na Sociedade em geral, com iniciativas como doações de bens não utilizados pelos hotéis e de alimentos.
- Na resolução do flagelo da falta de trabalhadores – ao integrar indivíduos de todas as idades, géneros, nacionalidades, religiões e condições físicas ou mentais, trazendo benefícios sociais e vantagens empresariais.
- Na capacidade de investimento, melhorando a relação com a banca.
- Na perceção de riscos para o negócio, especialmente junto de seguradoras.
- No aval das diferentes autoridades, com cumprimento regulatório exemplar.
- Na imagem pública, destacando que é essencial comunicar e promover práticas de sustentabilidade, pois o que não se comunica, não existe.
- Na redução de danos reputacionais.
- Na captação de clientes, evidenciando práticas sustentáveis que fidelizam clientes, atraem novos mercados e possibilitam o aumento de preços.
A Sustentabilidade não é uma moda e não se restringe a ser uma obrigação legal e uma obrigação moral. A Sustentabilidade é uma necessidade estratégica na gestão das organizações e um fator crítico para a resiliência do sector da Hotelaria. Antecipar e implementar práticas sustentáveis não é apenas vantajoso – é essencial para se destacar num mercado competitivo. Aqueles que optarem pela inação inevitavelmente enfrentarão custos mais elevados no futuro.
O futuro do Turismo e da Hotelaria depende de um equilíbrio entre crescimento económico, impacto social e respeito ambiental. Apostar na sustentabilidade é garantir que as empresas não sobrevivem apenas, mas prosperam num mundo em constante transformação. Adaptar-se às exigências de sustentabilidade reforça a resiliência das organizações e cria novas oportunidades para inovar, atrair clientes e consolidar uma posição de liderança. Esta não é apenas uma responsabilidade – é a oportunidade de liderar pelo exemplo e inspirar outros sectores.