As Pessoas e a Indústria

A velocidade com que abre um novo bar, restaurante ou hotel nem sempre acompanha as necessidades de mão de obra.

Claudia Barbadães Rodrigues

A velocidade com que abre um novo bar, restaurante ou hotel nem sempre acompanha as necessidades de mão de obra.

Esta é uma época desafiante para esta indústria, onde existe, por parte das pessoas disponíveis no mercado, um distanciamento gigante a nível de objetivos e sonhos. A entrega é tida de uma nova maneira e, com isso, a pretensão salarial, desfasada do que é muitas vezes a realidade oferecida pelas empresas. É extremamente necessário existir muita resiliência e capacidade de adaptação.

Se há uns anos, quando comecei nisto, a maneira de sobressair era mostrar trabalho, trabalhar muitas horas a mais, ser proativo, correr atrás e fomentar diariamente o estudo e a busca por informação – ficando muitas vezes a vida pessoal para segundo plano –, atualmente é também necessário reinventarmo-nos quase que diariamente. Todos os dias abrem espaços novos e mais interessantes do que tudo o que já existe e já é feito.
As novas tecnologias e novas gerações vieram revolucionar, e em certos aspetos num bom sentido, porque todos precisamos de viver e ter uma vida além do nosso trabalho. As gerações anteriores têm enorme conhecimento, técnica, standards de serviço e operação que devem ser absorvidos pelas novas gerações.

Apesar de atualmente haver acesso constante à internet, às tecnologias e a toda a informação, falta aplicar esse uso à parte profissional, e certos conhecimentos e padrões importantes de hospitalidade acabam por cair no esquecimento. Este novo hábito de sermos influenciados por tudo o que vemos no Instagram e TikTok e esquecermos os básicos terá sempre mais impacto e proveito se usarmos as ferramentas de maneira inteligente e inovadora.

Acredito imenso nas pessoas e naquilo de bom que provém delas, e acredito que estas novas gerações trazem muito do que é a criatividade, a boa vibe e a energia que a indústria precisa para dar novos passos.

Cuidar das nossas pessoas vai muito além de formar técnica, conhecimento e serviço. Sentarmo-nos com elas, ouvirmos, termos em consideração o que necessitam e sermos presentes é meio caminho andado para as pessoas quererem estar connosco. Sabermos os seus pontos fortes e enaltecê-los, conhecermos os seus pontos fracos e ajudarmos a melhorá-los, formarmos e incentivarmos são das ferramentas mais poderosas para manter as equipas estáveis.

Existe cada vez mais competitividade em tudo o que toca a inovar, dinamizar e fazer diferente, não só na estrutura e operação do próprio hotel, como na formação dinâmica, interessante e variada das nossas equipas. Team buildings, role-plays, provas, brainstormings, workshops e projetos colaborativos são tão ou mais importantes do que dar um serviço bem prestado, cumprindo todos os standards.

Um pouco sobre mim…

O meu nome é Cláudia Rodrigues, tenho 29 anos, trabalhei na restauração desde sempre, nos últimos 8 anos mais na área de bar, e sou completamente apaixonada pela arte de servir pessoas e criar-lhes experiências memoráveis.

2025 não podia ter começado de melhor maneira do que com o início do meu percurso no mundo da hotelaria. Estou, neste momento, num novo projeto que iniciei em janeiro de 2025, junto da marca ME by Meliá, no ME Lisbon, como Bar Manager. Marca conhecida pela sua atmosfera contemporânea, que combina arte, música, design e serviço de excelência num ambiente moderno e sofisticado. O ME Lisbon está inserido no coração do centro de Lisboa, próximo ao Marquês de Pombal, o que me coloca um desafio maior: inovar, pela quantidade de hotéis que existem ao nosso redor. Mas quem me conhece sabe que os grandes desafios são o que me alimenta para tentar ser, dia após dia, cada vez mais empenhada e bem-sucedida. E verdade seja dita, se não correr tão bem como o esperado, a única coisa que importa é começar de novo e fazer melhor.

Levantando aqui um pouco o véu e sem cometer um grande spoiler, aspetos como os produtos locais, biológicos e naturais, produtos portugueses e pequenos produtores são apenas um pouco daquilo que poderão encontrar quando abrirmos portas. A mim poderão encontrar-me no Elia Bar, o primeiro bar da marca Fismuler, pertencente ao renomado grupo espanhol Familia La Ancha, onde a excelência profissional e a paixão criativa são lei.

Os cocktails low ABV e os non-alcoholic são uma tendência e uma preocupação nesta que será a primeira carta do Elia Bar, seguidos dos melhores produtos, das melhores marcas e das relações mais próximas com os nossos parceiros e clientes, acompanhados sempre de arte e música ao longo de todo o dia.

Quero agradecer pela cedência deste espaço de partilha para dar a minha opinião pessoal sobre um tema que é muito importante para mim: as pessoas e esta indústria que me tem feito sentir que deixa de ser um trabalho quando gostamos do que fazemos.
À REDE T e ao Ricardo Augusto, obrigado.